viernes, 22 de enero de 2010

Coração Selvagem: O RUÍDO DO SILENCIO

Coração Selvagem: O RUÍDO DO SILENCIO


O RUÍDO DO SILENCIO É verdade, no silêncio cresce o ruído, descem as esteiras da Lua, naufragando nas ondas inquietas de um mar sinistro, cheias de espumas e cabeças de areia, colhendo palavras de uma praia adormecida. Um órgão de algas interpreta as sereias, enquanto a noite perturba o pranto insone, das rochas afogadas de penumbras. O cheiro a peles associa a sentença do esquecimento, e a loucura domina a insensatez dos ventos despenteando os salgueiros. Não te cales então, que no silêncio é mais violento o ruído, e se escutam pensamentos que negamos, realidades que mentimos, na alegria da luta por saber que estamos vivos. Não detenhas os relógios dos meus montes, não adormeças os duendes da ventura, deixa-os que saltem, pelos outonos cinzentos, com aroma de alecrim e de jarilla. Livre das filosóficas águas que emergem das pedras, livre da liberdade que nos ata a cada dia. A vida, meu amor, é um silêncio longo que grita a cada instante, um suicídio do presente em armas de nostalgia e a lembrança do futuro que entre dores e esperanças se pressente. Aonde vais se partes? sempre o eco irá contigo; sempre fugindo das vozes, seguirás sendo… palavra e grito. Que me deixarás se te afastas, deste espaço atemporal entre sórdidos caminhos? Que levarás nas malas, ou em teus bolsos de fumaça e de sons? Volta a pulsar como antes de ser metal ! submerge-te em minhas forjas de ventos desordenados deixa-me moldar-te entre o bronze e o aço, dos poucos sonhos que ainda me restam. Não te vás na busca do nada que já tens, segue afugentando os silêncios que explodem na vida. Dá aos crepúsculos a tua voz desenhada entre algodões e arlequins. Canta uma rima passageira, entoa a tua injúria e a tua desdita. Não me deixes aqui, sozinho, imaginando na fonte , o murmúrio das águas, que caem comentando sua alegria. O rugido dos homens quando têm sob seus pés, a presa que dominam com o fuzil de suas cobiças. É verdade, o ruído faz mais ruído, quando o silêncio é mais silêncio, e se estremecem os tímpanos da mente, despedindo na sua agonia a corda de um violão desgarrada em uma esquina do quarto. As teclas de um piano umedecidas de abandono, um concerto de pássaros , um coro de querubins, e um rouxinol bêbado, dormindo caladamente nos quartos da alma.- Não te cales!, meu amor, deixa que tua voz acaricie a espécie e o planeta. Os pombos devem seguir batendo suas asas de miragens, em meus ninhos de ervas e de barro. 

 WALTER FAILA 

Argentina Tradução: Maria Lua

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